terça-feira, 31 de agosto de 2010

Chuva

E depois, na rede, jurei exorcizar da minha mente todas as lições, ilações, citações e, como já me pediram, agir como se boa parte das coisas da vida eu não soubesse mesmo só de livro ou cinema. Assim, tentei imaginar alguém simplesmente como uma dádiva que céus anteriores à fé e à razão criaram, esculpiram, guardaram e esta noite até molharam para mim.

Mas eu, às vezes, me pergunto se certas cenas e frases que nosso inconsciente teima em guardar dentre as tantas que apaga não são justamente as que pressentem e um dia vão iluminar algumas vivências e situações futuras, já que nas fundas águas do inconsciente, dizem que passado, presente e futuro borbulham juntos.

domingo, 29 de agosto de 2010

Explicação pra quem não sente, ou só finge

Dias atrás falei com uma amiga sobre carência, saudade e a vontade que dá. Não a minha, talvez a dela, vou lá saber. Numa certa idade, e não é regra, parece ser mais fácil viver de amores e outras coisas. Amores, depois outras coisas. E inclui todo o resto nessas outras coisas, menos os amores. Acho que eu vou sentir mais se meu cachorro fugir do que se o deputado federal da minha cidade gastar muito com merda de campanha eleitoral. Da mesma forma, enquanto um casal, domingo de manhã, junta os trocados pra comprar um suco-cura-ressaca, vão mesmo querer saber se as Coréias andam se ameaçando? Não é querer tornar o mundo indiferente, esse "deixa estar" involuntário surge vocês nem sabem de onde. Mas se alguém descobrir, me avisem! Pago duas cervejas, porque dividir só uma é quase evitar o que vem depois.

domingo, 8 de agosto de 2010

Vinho em copo descartável

Eu poderia jurar que seria só mais um sábado em volta da piscina com todas as pessoas de sempre e algum intercambista jurando que ainda não tinha provado cerveja. Mas ah, pra que se tenho um celular com crédito na mão? Passa aqui, me busca, vem pra cá, tô indo, não, tem muita gente, vão achar estranho, nem vão, mas e se contarem? Tá bom, daqui 10 minutos eu busco. Atravessa a rua logo, até gostaram do sapato. Vamos embora, primeiro passa na frente daquele restaurante que tem música ao vivo pra gente ver o que a mulher tá cantando, se não for Chico, nem desce do carro. Sobe a escada sem tirar o calçado (deve ser pelo elogio) e tira a blusa de cima, será que se sente tão em casa assim mesmo ou só é desleixada? Mas acho tão bonito que faria a mesma coisa. É só não esquecer os cobertores, deixa meu cabelo molhado mesmo, é melhor que cheiro de corrida noturna. E abraça e beija e funga no ouvido e reclama e encosta o pé gelado e ri alto e passa medo e pega a pantufa da minha mãe e beija e me assusta com o despertador e quase arranca minhas costas e come minha bolacha e toma minha coca e me lava a alma e abraça e por favor, não vá embora. Se na semana que vem a gente não puder mais, lembrar do que vivemos é a tentativa mais fácil pra me tirar do sufoco. Enquanto isso, saber que estamos vivos é mais que o preço da passagem de volta. O troco eu guardo pro moto-taxi.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Se eu fosse capaz

É que há muito mais que orgulho em assumir o que a gente não quer que os outros percebam. Não é tão simples assim, não é só dar metade da sua vida pra alguém decidir o que fazer, até mesmo quando esse sou eu. Mas se a capacidade tivesse entrado aqui, nem a dona da padaria imaginaria, e ela imagina! Enquanto isso, na cidade com a minha idade e sem capa(cidade) de super-herói, estou quase convencido de que aqui só cabe a boa sensação daquela frase, a qual se eu não mais usar é porque não tenho motivos. E nunca fui de ficar economizando... Minto! Economizava moedas pra comprar Babbaloo.