domingo, 8 de agosto de 2010

Vinho em copo descartável

Eu poderia jurar que seria só mais um sábado em volta da piscina com todas as pessoas de sempre e algum intercambista jurando que ainda não tinha provado cerveja. Mas ah, pra que se tenho um celular com crédito na mão? Passa aqui, me busca, vem pra cá, tô indo, não, tem muita gente, vão achar estranho, nem vão, mas e se contarem? Tá bom, daqui 10 minutos eu busco. Atravessa a rua logo, até gostaram do sapato. Vamos embora, primeiro passa na frente daquele restaurante que tem música ao vivo pra gente ver o que a mulher tá cantando, se não for Chico, nem desce do carro. Sobe a escada sem tirar o calçado (deve ser pelo elogio) e tira a blusa de cima, será que se sente tão em casa assim mesmo ou só é desleixada? Mas acho tão bonito que faria a mesma coisa. É só não esquecer os cobertores, deixa meu cabelo molhado mesmo, é melhor que cheiro de corrida noturna. E abraça e beija e funga no ouvido e reclama e encosta o pé gelado e ri alto e passa medo e pega a pantufa da minha mãe e beija e me assusta com o despertador e quase arranca minhas costas e come minha bolacha e toma minha coca e me lava a alma e abraça e por favor, não vá embora. Se na semana que vem a gente não puder mais, lembrar do que vivemos é a tentativa mais fácil pra me tirar do sufoco. Enquanto isso, saber que estamos vivos é mais que o preço da passagem de volta. O troco eu guardo pro moto-taxi.

2 comentários:

Luciana disse...

Gosto muito desse texto. Parece tão intenso.

Adna Martins disse...

ai, que sorriso gostoso.