quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Sobre chegar lá e mimetismos de amor

Depois de um simples sonho me convencer de que as únicas coisas livres que me restam para lutar são o mar, a terra, os amigos e a paz, nada que eu pretenda de hoje em diante tomará um sentido oposto.

Às vezes, eu acho que o difícil não é chegar lá, é chegar inteiro.

Mas há também quem me ajude. Por isso queria que você entendesse que todas as mini-declarações quase diárias que faço pra ti são só para te preparar pra dias como hoje, em que sonho com o mar a terra os amigos e a paz, e acordo com vontade de mostrar ao mundo inteiro que é você a mulher amada, o brotinho indócil e a suave amiga. E mesmo que mais da metade das mulheres desse mundo todo não saiba quem você é, que boa parte delas sinta aquela inveja branca e macia por não terem alguém que as queiram assim, tão colocadas-num-papel. Também queria que minha letra fosse menos ilegível, para que fosse mais fácil ir aos correios e te fazer arrepiar sem nem estar por perto. Mas, sendo ela ilegível, queria encher de outdoors as ruas dos seus caminhos do dia-a-dia com frases e fotos que só eu e você entenderíamos; e quando alguém pedisse explicação sobre seu riso fresquinho, que você dissesse que nem tem nada não e continuasse andando, como se estivesse sendo carregada por vários anjos até mim.

Eu queria saber pintar e mostrar para ti que se todos os corações são vermelhos de sangue, o meu se banha no verde, que se vê em alto mar anunciando um toró daqueles. Queria ser, ao menos, um dos netos de Vinicius de Moraes; e quando você me perguntasse de onde tiro meus mimetismos de amor, eu responderia que é coisa de família, fica tranquila, vem dormir. Queria juntar todos os meus amigos para os quais dei boas ideias para presentear suas (quase) namoradas, e eles também se mostrariam agradecidos por você ter me dado o melhor presente de todos (muito melhor que minhas ideias): fazer de mim seu Constante Companheiro. Queria que a palavra eternidade fosse tão alcançável de ser vivida quanto férias, roda de samba, sorvete no meio do regime. Queria te apresentar aos meus pais como quem bate no peito com cara de viu só, eu disse que seria capaz.

Quando eu chegar lá, no final de toda essa caminhada, que meu rosto reflita todo o olhar doce e tranquilo que me fora dedicado. Que eu nunca esqueça de cuidar de mim, fazendo andar lado a lado todo o meu orgulho e minha humildade. E quando eu me pôr a cantar, que meu canto vibre sobre qualquer tipo de ódio e ressentimento, intrigas e vinganças...

E enquanto você dorme, que eu possa despetalar as mais lindas pétalas do meu carinho.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Essa guerra em busca de paz

Hoje eu descobri que chorar por você me dá muito mais sono que o normal: a alma pesa também. Descobri que cada prece que a gente faz é um passo a mais pra transformar nosso templo interno o maior do mundo: que caiba tudo o que desejei pra nós dois. Descobri o preço da prece: quando peço demais por ti, acabo esquecendo um pouco de mim. Mesmo que você faça parte de mim mais do que imagina.

Descobri que não adianta ser ateu e, num ato de covardia, pedir a deus que você não existisse. Mas eu sei que ele não me dá bola.

Depois de tanto tempo descobri que cada vez menos sei lidar com toda essa guerra em busca de paz que é o amor -  que surpreende todo dia, principalmente quando achamos que aceitar nossa entrega é o suficiente.

Descobri que tem muita coisa pra aprender. Ainda bem.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

De tudo que é relativo mas nem precisava ser

Tsc. Sinal trágico da lamentação.

Quisera eu te explicar a base do nosso senso comum. Aquilo que não é nada justo cobrarmos de uma pessoa, visto que nós não fomos feitos pra pensar. Qualquer raciocínio é um salto triplo em meio à todas as emoções carnívoras que andam juntas com toda a roedeira interna. Diária, progressiva e inquieta.

A questão (que parece mais um fato, mas não gosto de chamá-la assim) é que tudo vem sendo meio relativo. E mesmo que eu já tenha passado por relatividades piores, agora parece tudo tão novo. Essa angústia antiga, a saudade velha, os planos falidos, as ideias cansadas, os trajetos feitos. Tudo parece tão inovador quanto um sentimentozinho que se renova toda vez que você me convence de que ainda existe muita coisa pra conhecer em ti. E quem eu vou culpar? Ou melhor, à quem devo agradecer?

Até isso é relativo.

Até os gostos culinários que se confundem; a ajuda sobre os problemas seus que queria trazer pra mim; a importância sobre algumas coisas que eu carrego e você nem sabe; a importância sobre outras coisas que você carrega e acha que eu não sei. A importância que nós carregamos e ainda não sabemos, e só vamos descobrir que sabíamos quando não existir mais importância alguma. Enquanto isso os dias correm. E o que era pra ser desabafo triste se tornou mais um relato alegre, pois resolvi te misturar com ele.

(A veracidade desse texto é, também, totalmente relativa. Mas nem precisava ser.)

quinta-feira, 3 de abril de 2014

O inefável, o regime e a carência

Inefável, segundo o Dicionário Informal da Língua Portuguesa, é aquilo que não se pode expressar por palavras. Diz-se daquilo que não pode ser expresso verbalmente. Algo de origem divina, dotado de tantos atributos de perfeição e beleza, que transcende os limites da linguagem humana.

(A definição que contradiz seu próprio significado. O que é inefável não se pode explicar com palavras, mas explica-se.)

Quem diria que todos os meus atos de gaguejar tivera um nome e eu pouco sabia. Não era só um gaguejo, era a inefável surpresa de, de novo, não saber explicar o que sentia. Mas não explicando é que se explicava tudo. Até quando pudesse te encher os olhos.

Quando me dizia grego, romano, pirata, soldado, moço moderno, era só pra mostrar que em mim caberia tudo. Todas as épocas, expedições, guerras e avanços. Acompanharia de armaduras, tochas, canhões, armas e bombas. Ai de quem te fizesse algum mal. Ai de quem tirasse de mim o amor - sublime selo que à vida imprime cor, graça e sentido.

Essa é minha receita para não engordar sem a necessidade de comer arroz integral e chá de jasmim. Enquanto sofro de carência de algo que fez bem.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Se você gostasse de mim...

Imagina só se tu gostasse de mim. Eu até começaria a falar tu no lugar de você, porque você é tão mais portuguesa e gaudéria que eu e adora teimar que tu é mais bonito que você. Eu queria muito entender o que te falta pra ser louca por mim. Varrida, descontrolada e chorosa, do mesmo jeitinho que você ficou quando eu disse que ia doar minha blusa de lã verdinha. Pegou ela e trancafiou na bolsa como se tivesse me trancado no próprio peito. Queria entender o que é que te falta pra me fazer largar minha vida e me colocar na tua, porque seria muita injustiça e folga minha querer que você largue seus planos pra viver só os meus. Me fazendo lembrar do pavor que tenho de sonhos que envolvem outras pessoas, como se alguém fosse obrigado a fazer o que a gente quer só porque nascemos desejando algo. E não te obrigo, só te incluo. Se você ficar, o caminho se abre em mil.

Imagina, por um instante, se tu me gostasse.

Não é súplica, muito menos um chorinho para a amiga. E se imaginar te faz sentir medo, não faz mal algum. Seu jeito de não querer me perder é tão natural quanto a minha vontade de te ter só pra mim. E eu também queria entender o que é que tem em você que me faz dar umas dessas de Frejat, considerando todos os esforços diários que faria só e exclusivamente por você. Mesmo sabendo que daqui do sul o caminho é bem mais longe até Salvador. Mas eu não entendo. E se entendesse, coisas assim eu jamais ousaria explicar.