As visitas que recebi sempre foram de pessoas inusitadas. Políticos, engenheiros, vestibulandos, padres, escritores, psicólogos, jogadores de futebol, bicheiros, viciados, pintores, estilistas, viajantes, pais e mães. Soltos. Presos em suas próprias ideias. Pessoas que se prenderam enquanto livres e não há justiça que desfaça tal sentença. Eu nunca soube tratar tristeza. Tentei, mas não aprendi. Quando me jogaram no porta-malas daquela viatura fedida, a primeira coisa que fiz foi dar bom dia para os policiais. Hoje os mesmos me chamam de "meu camarada."
Aos visitantes condenados, pouco fiz. Despejava gargalhadas, alguma piada suja, versos, refrões, poemas. Por fim, um abraço. Gostava de acreditar que aquilo era o molho de chaves que procuravam há tempos. A certa somente eles poderiam encontrar. Simples, rápido.
Para os que confundem liberdade com solidão: Nina Simone.