segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Quando a chave encaixa sem você ver

Eu nunca parei pra dizer o que você é. Na maioria das vezes por falta de oportunidade, por excesso de outras nossas-coisas. Eu tomo muito seu tempo fazendo a gente ser a gente. Você toma muito meu tempo me deixando sempre com o olho esquerdo lacrimejando. Quase implorando pra você vir secar bem pertinho. Às vezes de alegria, às vezes de saudade. E quando o vento bate e seca todo o sal da nossa alma parece que a gente tem o dom de voar mesmo sem sair do lugar, pois cada espaço que nos é limitado se torna uma eternidade se o eco da sua risada esquisita pra caralho se propaga por aí. As paredes viram paisagem, o teto se torna um céu sem fim, o chão é um oceano. Profundo, azul marinho e nosso.

Intransigente é a vida. Ainda mais pra mim - adorador dos adjetivos mais inoperantes quando a tentativa principal é te fazer entender minha visão quando te assisto do sofá chegar da merda do seu trabalho. Linda e descabelada. Nesse mundo onde todo trabalho acaba se tornando uma merda. Mas me queixar das imposições corriqueiras também me deixa evidenciar tudo aquilo que faço porque gosto, quero, te quero. Já que você trouxe a parte boa em dividir sorvete napolitano com sua priminha que só gosta de creme e morango. Com cobertura de caramelo, por favor. Que as sobremesas sobre sua mesa da sala de estar são só metáforas sobre como a vida se torna mais doce se sentidas e cobertas de boas intenções. Sorvete e caramelo.

(Me desculpe os palavrões. Lendo assim, depois de te escrever, é que percebo que expressões de intensidade cabem e combinam com a gente.)