terça-feira, 17 de setembro de 2013

Esse conjunto da obra...

Teu tio carioca da gema que descoloriu os pelos do peito diria: caraca, bicho! 

A chuva que fez quando resolvi sair mais cedo pra evitar o trânsito me lembrou esse caraca, bicho! Não adiantou nada levantar meia hora antes, deixar minha camiseta toda enfarelada de pão de queijo e queimar a língua no leite requentado. Tentar se precaver contra a natureza é o pior erro que a gente pode cometer. Assim como o medo é pré-córtex, bicho e homem, irmãos no destino de esperar, paciente e afoitos, que a eletricidade vá pra outro lado. Completamente subjugados, humilhados e inúteis.

Se o trovão não é deus, nada é.

Mas cê quer outra verdade dessa manhã? Acabaram de me perguntar se essa plenitude romântica-literária que eu prezo é tão linear quanto a própria linha do meu pensamento. E não é. Se eu prefiro escrever sobre a gente, não quer dizer que eu só saiba escrever sobre a gente. O que me difere dos outros nomes da literatura nacional é que eu não sou cobrado pra fazer isso. E gosto. Não tenho pauta marcada, não preciso de horas de champanhe em eventos semestrais pra achar uma rebarba editorial que me faça publicar algo que nem sei se comprariam. E que medo de ser comprado mas não ser lido. Há até quem diga que eu deveria publicar um livro, e agradeço, mas não vejo isso como obrigação. Meus parágrafos não são revisados. Assim como nunca visei ou revisei a possibilidade de ser pra você todas regras gramaticais da minha entrega textual.

Do que eu gosto, até às paredes confesso: erros grandes e pequenos, piadas internas, fados portugueses, mentirinhas verdadeiras, pornografia (e quem não gosta?), Roma renascentista e gargalhar quando a areia entra no seu boga. Foi mal. 

Minha obra literária é você, até quando tu não quiser mais ser.

Um comentário:

Karenina disse...

Cara... <3 parabéns, sério