quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Metade ti, metade mim

Quem foi que entrou na minha mente e me fez ver os dias em câmera lenta? Quem ditou essa lei própria de me alimentar de minúcias? Quem foi que me tirou o sentido apático e fez as horas cantarem enquanto passam? Felicidade, senhoras e senhores, mata sim! Felicidade estampada fere os olhos de quem não é feliz ao mesmo tempo. Como numa rodovia movimentada: o motorista feliz usa a luz alta, na tentativa de assim dizer pra todo mundo sobre sua alegria, mas na direção contrária vem o carrancudo, dando sinal para que o alegre se recolha. E rápido, se possível.

Fui feliz em festinha de criança e elas me tiraram os brinquedos porque minha risada era mais contagiante. Fui feliz em cerimônia de casamento e me expulsaram porque meu choro (muito mais que alegre) tirou a atenção do par de alianças. Fui feliz em algum show e reclamaram porque meu canto atrapalhava o som da banda no palco. Fui feliz até embaixo d'água, no céu, em volta de fogueira, enterrado de areia.

Bem lá no fundo de quem consegue reconhecer essa triste sinceridade, existem horas em que é mais pesado aceitar a alegria alheia do que ser humilde e rir junto, por mais bobo que o motivo seja. O dom da felicidade repartida em pedacinhos iguais, e pra quem quiser absorver, é sempre inexplicável. Estraga se for explicar.

2 comentários:

Adna Martins disse...

Eu acho injusto dizer que algo é lindo, quando se sente algo maior que isso. Então, vou lá, no meu vocabulário, procurar uma palavra que descreva o que sinto ao te ler,e não encontro. Logo penso: deve ser porque meu vocabulário ainda seja muito pobre para tanto. Pego o dicionário que encontrei na estante, e em instantes encontro uma palavra muito honrosa de ser sentida, "Amor". É, é sublime, mas realmente acho, que seu dom é bem maior,e que a palavra que busco, Deus deixou em segredo.

eduarda bp disse...

Lindíssimo!
E eu, que estava cabisbaixa, estou a sorrir.