quinta-feira, 24 de junho de 2010

Dos bandoleiros IIII

Hoje estamos em Boston, nós dois, um a masturbar o outro. No período do dia em que ela está na universidade, geralmente as manhãs, pego o subway e vou a Harvard. No silêncio da biblioteca armo intrigas pro meu próximo romance. De alguma forma ela será a personagem central. Mulher de escritor é uma infeliz. Vive sendo sugada por ele. Bastou um gesto, uma palavra, um certo olhar, que pronto! Lá está a infeliz mulher do escritor transposta para o papel. E o pior que geralmente é sugada em seus pormenores mais submersos, naquilo que ela mesma nem sabe de si. Quer roubo mais torpe?

Dos bandoleiros III

É aquele sentimento gozoso que sentimos quando alguém se dedica um pouquinho a uma perte do nossos corpo, seja nos coçando as costas, nos penteando, ou só um desapercebido toque. Ficamos ali, não querendo acordar do sonho, desprezando tudo o mais, rezando para que a pessoa se esqueça da vida e permaneça ali, com aquela honrada missão de nos manter no céu.

Dos bandoleiros II

O que eu poderia desejar de mais interessante? Montar no Brasil uma luta entre mim e Jill. Penso na força do espetáculo: eu de jeans e sem camisa, ela de míni vermelha, as unhas elétricas arrahando minhas costas. Poderia tocar Ray Charles, sem qualquer alarde, baixinho por aí.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Dos bandoleiros

Pedi mais cerveja. Steve também. Comecei a me desligar do que ele falava - atitude antiga e banal em mim, que preferia quase sempre ficar com minhas ideias do que ter de fabricar conversas. E naquele dia, eu estava sendo muito especialmente o que tinha sido até ali: um verdadeiro utilitarista. Só me interessavam aqueles que me abriam um pouco mais a clareira do sonho. De historietas e historinhas eu andava cheio. Queria um interlocutor que viesse e me dissesse claramente que meus miolos sonâmbulos eram viáveis. O resto eu já aprendera tudo. Tinha chegado a uma espécie de insensata sabedoria que me retirava dos contatos humanos sem eu mesmo perceber.